quarta-feira, 4 de maio de 2011

Que show, que nada...

Sempre fiz questão de ser uma mãe moderninha, e nesta intenção claro, estava sempre atenta às tendências, recebia os e recebo os amigos dos filhos, mantenho a mente mais aberta possível, vivo antenada apesar de meio lesada que sou  hoje em dia, mas uma vez o tiro saiu pela culatra!
Em uma ocasião se não me engano em 2001, meu filho e sua galera resolveram ir ao show da Mix, bem, para conseguir os ingressos houve uma promoção da rádio, e quem levasse um brinquedo para ser doado às crianças (era outubro) teria um ingresso. Meu filho e meus primos enlouqueceram… foram dias me convencendo que se eu fosse com eles teria alguém responsável por todos, que dai os pais dos amigos deixariam eles irem, que não teria erro nenhum porque os pais gostavam muito de mim, que se eu não fosse eles não iriam ver as bandas que gostavam, e blablablablablá…bom, pensei que mal tem? Fiquei meio receosa, afinal ser responsável por uns 8 ou 9 adolescentes não seria fácil, mas eles também me garantiram que ficaríamos juntos sempre.
A partir do momento que aceitei, começou a correria de comprar brinquedos, ir para fila que fazia voltas no quarteirão para pegar os ingressos, comprar as camisetas pretas de roqueiros, alugar uma van para nos levar até o Anhembi e planejar todos os detalhes do grande evento, neste ínterim ligações para os pais.
Alguns pais inclusive faziam questão de frisar que só estavam deixando os filhos irem porque era comigo (Ai meu Deus, neste momento começou a me dar uma vontade enorme de desmarcar tudinho), o entusiasmo deles era tão grande que decidimos caprichar no visual, compramos tinta de cabelo, gel cola, e foi aquela produção louca, pena que na época não havia esta facilidade de câmera digital, não registramos estes momentos. Aí pensei no seguinte: como já havíamos gasto muita grana, era melhor levar lanches do que gastar mais lá, preparamos sanduiches e tal, enchemos um isoporzinho, levamos uns refrigerantes e salgadinhos.
Meu marido bem que tentou me alertar que não seria uma boa idéia, meus pais ficaram preocupados, minha vó também, mas naquela altura do campeonato não dava para voltar atrás, saímos de madrugada, no caminho fomos cantando, rindo e brincando,a van nos deixou no final de uma fila imensa, muito longe da entrada, que para falar a verdade eu nem sabia onde ficava.
Chegamos na fila e o dia ainda não havia clareado, e a fila continuava a crescer atrás de nós, as pessoas mal encaradas, e nós parecíamos mais uns papagaios do que roqueiros,  os grupinhos se reuniam na fila.Meu filho tinha uma mania péssima de encarar as pessoas, e eu a “responsável” por todos controlava cada um deles, pedia que ele não encarasse ninguém, mas como todo mundo que espera, começaram a observar, involuntariamente eu também, e como quem procura acha…vimos coisas muito estranhas, gente usando drogas, gente muito louca, fui ficando desesperada, atrás de nós havia um grupo de pessoas que bebia vinho direto no garrafão, pinga e outras bebidas, pedi para eles não olharem para os lados.
O tempo passou lentamente, o dia clareou a fila não andou, e no relógio as horas passavam, quando por volta de 11:00 hs da manhã, dois garotos do grupinho de trás passaram muito mal de tanto ingerir bebidas alcoólicas, eu instintivamente fui socorrê-los, os coloquei sentados e pedi água, panos, tentei induzir vômito, a turma ficou preocupada, foi aquele alvoroço, e um deles me falou:
-Minha Deusa, Deus mandou um anjo me salvar!!!
Beijou minhas mãos, me agradecia freneticamente, provocando risos de todos ali, eu não sabia se socorria um ou outro, mas no meio daquela muvuca, e de tantas tentativas minhas de resolver o problema, eles acabaram melhorando um pouco, e a turma deles é claro ficou muito agradecida a mim, e um deles deu a sentença aos gritos:
-Dona, muito obrigada, mas obrigada mesmo, pelo que fez pro meu brother aqui, então qualquer coisa que pegá, manda fala comigo certo, se alguém aqui fizeé alguma coisa pra vocês mecheu com nóis, certo mano!!!!!
Voltei pro meu lugar conferi se todos estavam ali,  ofereceram bebida e comida pra nós que educadamente recusamos e agradecemos dizendo que estávamos bem.Não agüentávamos mais a espera, 12:00 hs, 13:00 hs até que 13:30 aquele povo todo impaciente começou a se rebelar, começaram a dispersar a fila, escalar as grades, neste momento pedi que saíssemos dali senão seríamos esmagados, e fomos para o outro lado da avenida, veio polícia montada, de moto, de tudo que era jeito, deu uma correria e aquela multidão de pessoas pra lá e pra cá. Spray de pimenta, policiais com cassetetes tentavam impedir e batiam em quem estava escalando as grades, foi uma loucura geral, olhei para minha galerinha atordoada, e sugeri pela segunda vez que fôssemos embora, mas resolvemos esperar.
Dai resolveram abrir os portões, foi aquele tumulto, as pessoas se amontoaram, e mesmo assim a polícia tentava por ordem, as pessoas foram andando e nós no meio daquele alvoroço fizemos uma corrente de mãos dadas, olhei para o chão que estava lavado de ingressos, àquela altura do campeonato nem precisava apresentar o tal ingresso, não tinha nem para quem entregar, e fomos praticamente entrados para o pátio.
Engraçado que quando fomos “entrados”, olhamos para o lado e tinha outro portão, acreditem se quiser, já havia uma fila de pessoas sendo saídas do pátio….rsrsrsrsrsrs…
A confusão estava generalizada, nós estávamos espremidos naquela lata de sardinha, sim porque aquele pátio parecia um local de estacionamento, que não dava suporte para aquela multidão, quando vi nosso isoporzinho foi chutado, os lanches que restaram ficaram esparramados e pisoteados, e eu pensava: - festa estranha com gente esquisita, rsrsrsrs
Tudo o que conseguimos ver era cabeças na nossa frente, o palco era baixo, e nós estávamos distantes dele.
Gente… só por Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, aquilo tudo o que passamos, meu nervosismo em perder minha turma,o povo encachaçado e fumando maconha por ali, até que ouvi um grande arroto do meu lado,quando olhei, ou melhor senti respingos de vômito nas minhas pernas não acreditei né?
Pedi literalmente para sair, mas a galera me falou que já que estávamos ali pelo menos deveríamos assistir o primeira banda Planet  Hemp, e assim assistimos esta banda, Charlie Brown Jr. e Ira, quer dizer… assistimos não né!!! Na verdade eu mesma não vi nada, só quem se aventurou a sentar nas costas do outro conseguiu ver a ponta da cabecinha dos integrantes das bandas. Nesta altura eu já estava agoniada, sugeri para irmos embora sem ver o Capital Inicial, concordaram comigo finalmente, e da mesma forma que fomos entrados fomos “saídos”, foi a nossa sorte, nesta hora um maluco subiu numas armações de metal e pôs fogo nas faixas de propaganda, deu aquela reviravolta de novo.
Lá fora, o pessoal mais disperso, um alívio telefonei para o motorista da Van nos pegar, estávamos acabados de cansaço, o motorista até achou engraçado que acabou nossa animação, seguimos para casa quietos, e no caminho combinamos de chegar e dizer a todos que o show tinha sido o máximo, e que a gente se divertiu demais, só para não dar o braço à torcer sabe.
Chegamos com aquelas caras de cuíca sem íca, mentimos como havíamos combinado, mas eles haviam assistido toda a confusão pela televisão, rsrsrsrsrs tivemos ainda que agüentar sermão e aquela velha e maldita frase: “eu avisei!”
Hoje está história rende boas risadas, mas na hora….
Bjs. Até a próxima!

Um comentário:

  1. Sempre digo: Tem mães, e tem MÃES. Como é importante e gostoso compartilhar tudo com nossos filhos, mesmo que a experiência seja trágica...ficam as boas risadas e mais fatos a serem contados aos nossos netos. Lendo sua aventura lembrei qdo meu filho estava com 4 anos e queria ir em um carrochel no parque, estávamos em caiçara. Eu toda ardida, cansada e ele chorando que queria ir, o pai caiu fora rsrsrs. Lá fui eu,comprei o ingresso e levei-o ao tal carrocel, o funcionário disse: Moça ele não pode ir sozinha, suba e fique do lado segurando ele pela cintura, ai meu Deus, aquele negocio girando devagar, os cavalinhos subindo e descendo, meu estômago embrulhando, mas td bem, firme e forte, qdo passamos perto dos amigos e do pai...meu filho gritava...Dá tchau mamãe.....eu e minha mãozinha dando tchau...afff que mico kkkkkkkk mas valeu hoje estamos narrando nossas aventuras com os filhotauros. Adorei seu texto, dei muitas risadas. bjs no coração

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