segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estar pronto!

Olá queridões, vejam só, não sou muito afim de contar aqui coisas que não são legais, mas... toda regra tem exceção, então, gostaria muito de compartilhar alguns pensamentos meus. Recentemente em mais um dos meus surtos de EM, com novas dimensões e outros sintomas, me ocorreu a ideia de tentar explicar a quem interessar possa, a falta enorme de respostas que tenho!
Não, eu realmente não sei, quanto tempo pode durar um surto, assim como também gostaria que soubessem que a EM tem muitas doenças relacionadas, para conferir isto é só acessar no Google, dai por diante tudo torna-se uma caixa de surpresas, posso assegurar que por hora sinto um misto de sintomas chatérrimos, como fadiga, dores da neuralgia do trigêmeo, desequilíbrio do lado direito do corpo, dormência na face, dificuldade em articular as palavras, enxaqueca, prurido do lado direito da face, efeitos colaterais das medicações, visão turva, pressão arterial alta, falta de concentração, esquecimentos, formigamento no braço e apatia.
Todos estes sintomas me afastaram do trabalho por quase um ano já, mas apesar de tudo isto, geralmente fico em pé, me visto bem e adequadamente, converso sobre tudo na medida do possível, não reclamo de nada para as pessoas, procuro socializar ao máximo, pois creio que o fardo seja meu.

Percebo ai um "quê" você parece tão bem!!!! Sim, exatamente, eu pareço bem, não vou me jogar em uma doença de cabeça, ficar acamada, desleixada, deixar de sorrir, de conversar de coisas interessantes, de melhorar meu visual, de descontrair, de abstrair... nada disto.
Para algumas pessoas o fato de vc ser doente,  significa estar atormentada,caindo aos pedaços e deprimida, e neste quesito então deixo a desejar...
Não posto com a intenção de provocar, e sim de esclarecer que: estou quase adaptada a tudo o que passo e ainda terei que passar, não julgo fácil mas não é o foco da minha vida, não foi uma escolha, foi um acontecimento,não consigo trabalhar com estes empecilhos, mas quando puder voltarei a produzir, não gosto de ser doente nem de estimular dó nas pessoas, mas aceito a preocupação dos que me amam, não tenho grandes projetos, mas tenho grandes esperanças, então se me perguntarem você está bem?
Responderei que sim, eu estou bem, e aprendi com um grande mestre chamado José de Alencar, que no auge de suas complicações com o câncer declarou em uma coletiva estar pronto,..., o que para mim significou muito, me ensinou em pouco tempo coisas que talvez eu tenha levado uma vida inteira para entender, estar pronta significa aceitar com resignação aquilo que vc não pode mudar, agradecer a Deus a oportunidade de ter tempo para refletir sobre o que realmente importa, aproveitar o máximo do seu tempo com coisas que valham a pena, ser intensa e verdadeira nos sentimentos, fazer o bem, espalhar alegria, agir bem com as pessoas, compreender que o seu problema não é o maior do mundo ele é mais um, ser capaz de ser feliz, saber deixar as dores para os momentos que elas vierem e não sofrer por antecedência.
Então mesmo no dias mais difíceis e dolorosos eu estarei bem por estar pronta, e se, pudesse mudar alguma coisa em tudo isso, com certeza mudaria o sofrimento que a minha EM causa nos meus familiares, pois o que não é mais tão pesado para mim, não deveria ser toneladas para aqueles que me amam tanto, mas cada um ficará pronto ao seu tempo, no compasso do criador!!!!!
Meu agradecimento sincero aos meus seguidores, deixem seus comentários, eu aprendo muito com todos vcs!!!!

sábado, 2 de julho de 2011

Olá gente!!!! larguei um pouquinho meu blog por motivos de força maior, mas hoje já refeita de tanto tumulto que houve em minha vida ultimamente voltei correndo para divagar aqui com vocês sobre algumas coisinhas do cotidiano.
Vejam que sou uma pessoa super descolada, mas tem coisas que ultrapassam os limites né.... bem estava eu numa conversa animada com uma pessoa em um lugar público hospitalar, esperando ser chamada, quando lá pelas tantas, cansadinha, comecei a dar uns rolês para distrair, e claro atenta à todos ao meu redor, quando de repente o silêncio de murmúrios foi bruscamente rompido por uma fulana que falava entusiasmada no celular, uma conversa pra lá de particular... bem todos prestaram atenção nos detalhes da conversa que girava em torno dos defeitos de alguém, ou melhor, do coitado de alguém, sim porque a fulana não poupou palavreados chulos para qualificar a pessoa.
Neste ínterim,  eu simplesmente parei, tamanha minha indignação, como pode uma pessoa se achar no direito de conversar no celular dentro de um hospital, falar alto e em bom som, e atrair a atenção de uma platéia no mínimo.... doente!!!!!!
Eu estava morrendo de vergonha de algo que não fiz, e esta sensação eu compartilhava com todos ali, estávamos pasmos, incrédulos. Havia um balcão de informações e os funcionários não sabiam se trabalhavam ou tomavam uma medida em relação áquilo, até que graças à Deus a mulher encerrou a ligação com uma gargalhada escrachada de circo, se dirigiu ao balcão como se nada tivesse acontecido, foi atendida para sei lá o quê!!!! e euzinha fui indo embora dali de farol baixo, sem me atrever lógico a encarar mais ninguém.
Tudo bem, após este episódio, na vinda para casa, já dentro do ônibus e feliz pela ideia,  de chegar em casa, a cena simplesmente se repete, outra vez uma mulher atende o celular e conversa displicentemente aos berros dentro do ônibus..... pensei, será moda Jesus amado!!!!!!
Ou será minha tolerância zero atingindo picos insuportáveis????
Bom sei lá, mas o pior de tudo foi quando o meu celular tocou,  aquele som alto que vasculhei a bolsa toda desesperadamente achei até um batom perdido antes de achá-lo, e quando finalmente achei disse alô baixinho e delicadamente transtornada, mas a pessoa do outro lado não me ouvia, fui aumentando o som e não adiantava.....
Então... todos no ônibus ouviram meu sonoro ALÔ, lamento mas depois retorno a ligação.
É ....queridões, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk rapadura é doce mas não é mole não!!!
Realmente não podemos acarinhar a mula antes dela virar o cocho!!!!!
Claro que com tudo isso ando mais cuidadosa, vai que.... eu encontre alguém igual a mim por ai!!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Diferenças....

Eu tive uma colega de trabalho que quebrava todos os protocolos de convivência imagináveis, ela era sarrista, divertida, fanha, estridente, e costumava não deixar ninguém quieto.
Minha tolerância com as diferenças alheias eram eficazes até certo ponto, mas ela esgotava meus esforços algumas vezes, sabe aqueles dias que a gente tá silenciosa de poucas palavras, era só ela chegar que atiçava um pouco cada um na sala, eu dava algumas desculpas de dor de cabeça, sono, mas nada abalava suas intenções.
Era o tipo de pessoa que contava sobre a rotina da própria vida com graça, falava do marido das filhas, da cor da casa, de sexo, da reforma e de tudo que era possível em curto espaço de tempo, muito perspicaz, antenada, tinha capacidade de falar e ao mesmo tempo prestar atenção na conversa alheia só para dar um piteco.
Em um ano de trabalho juntas nunca a vi triste, enjoada, dolorida, cabisbaixa, ao contrário, quanto mais passava o tempo mais intensa ela ficava. Na festa de confraternização no final de ano, passou a lista das pessoas que queriam participar da reunião e do amigo secreto, mas lógico que ela e somente ela não iria deixar as coisas tão tradicionais assim né? E como era de praxe ela sugeriu uma brincadeira diferente:
-Quem sabe a gente não faz o seguinte: - sorteia o amigo secreto, cada um terá o apelido de seu principal defeito ou da sua principal característica para a correspondência, e no dia da festa tem que vir se possível a caráter conforme o defeito ou característica  em questão, quem chamar pelo nome vai ganhar castigo, por exemplo: se fulano for preguiçoso é o carteiro do Chaves entenderam?
As pessoas a princípio não gostaram da idéia, sabe como é ninguém gosta que aponte seus defeitos publicamente, mas ela argumentou muito bem, ( me pergunto até hoje por quê não foi advogada?) falou no quanto esta oportunidade seria interessante para que cada um de nós realmente enxergasse a si mesmo como os outros nos viam.
Dai pensei o seguinte: verdade, tem isso dai, a gente se vê de um modo, e os outros de outro modo, incrível, mas talvez passamos uma imagem daquilo que não somos. É muito louco isso!!
Mediante  suas argumentações, timidamente alguns colegas foram aceitando a brincadeira, e claro alguns ficaram de fora. O tempo transcorreu e todos da lista foram apelidados, eu fiquei sabendo que era considerada por todos soberba, me achava muito segura de si, era uma professora que passava uma imagem de nariz empinado. Bem, realmente eu sempre fui meio perua sabe, mas não para confrontar ninguém, jamais, apenas porque gostava de ser assim, mesmo porque, passei muitos anos de minha vida sem trabalhar, sem condições de comprar roupas e sapatos, pois casei muito cedo com 16 anos, ganhei meu primeiro filho com 20 anos, primeiro criei meus filhos e depois tudo começou então eu vivi de doações, às vezes minhas mãe me comprava roupas, minha cunhada me dava sapatos e bolsas, então quando comecei a trabalhar fui sedenta para as lojas comprei sapatos, bolsas, roupas, e usei tudo como se fosse o último dia da minha vida, e até hoje sou assim, se compro algo novo uso quase imediatamente, não guardo absolutamente nada, costumo brincar que quando eu morrer tudo que for meu será dado usado rsrsrsrsrsrsr….é a minha vida profissional começou muito tarde, e com ela graças ao meu marido minha independência financeira também, porque ele sempre foi o grande provedor da casa, meu salário então passou a ser aquele que faria a diferença,vestimenta para mim e os filhos, e outras coisinhas mais.
Sei que nisso tudo me perdi, venho de um lugar em que as mulheres estão bem vestidas até para ir ao supermercado, sou de Porto Alegre-RS, mas por incrível que pareça existem pessoas que te olham por dentro, e vêem além desta casca camuflada que vestimos na sociedade, então eu decidi participar da brincadeira de coração, pois não havia maldade naquela minha amiga que honestamente me apontou esta característica, dificilmente alguém é sincero com você de forma tão sublime, que faça rir de si mesma, e mostrar para as pessoas que sim, que você é baixa, magra, desdentada, dentada ou sei lá o quê? E dai qual o problema?

Dia da festa, todos prontos e os amigos foram se revelando, ao comentar os próprios defeitos alguns se surpreendiam outros nem tanto, mas, todos unanimemente curtiram a brincadeira por terem a oportunidade de perceberem suas características. Eu tive que me vestir de D.Florinda com bobes e avental, o professor de história que havia me tirado disse que eu não me vestia como professora e sim como advogada, e que naquele dia ele queria me ver como Zefa, eu tirei um professor de matemática que ao meu ver transpirava testosterona, andava que nem Jhony Bravo, cheio de charme com as menininhas, então resolvi fazer um kit feminino para ele, dentro havia seringas com hormônios femininos estrógeno e progesterona, cueca de elefante, pompons e frufus, foi uma comédia, ele disse que usaria só daquela vez e que preferia ter aquela natureza macha mesmo.
Aquele ano ficou marcado na memória e me deixou uma grande lição: que podemos sim e devemos rir de nós mesmos invés de somente observar e comentar os defeitos dos outros, geralmente estamos muito cobertos deste verniz social que não atinamos o quanto somos capazes de cometer certos exageros, ou de ter características que também chamam atenção, mas o que importa na verdade é que somos peculiares, únicos, e que temos condições e ferramentas internas para nos reinventarmos quantas vezes julgar necessário, que podemos jogar fora hábitos e idéias que nos empesteiam, porque absorvemos o senso comum, e mesmo sem perceber conceituamos tudo, rotulamos, e adquirimos idéias preconcebidas que norteiam nossos atos.
Tente apontar seus próprios defeitos ou manias, difícil né? MAS
Prontamente sabemos o que os outros fazem e como fazem, diagnosticamos facilmente os erros alheios, esquecemos nossos erros do passado, julgamos com antecedência as pessoas e ainda damos conselhos milagrosos.
O ser humano tem esta capacidade, dai a real importância de vigiar a nós mesmos que como qualquer um tem seus devaneios.
Tento melhorar nestes quesitos, por isso dou risadas fabulosas das minhas gafes, levo na boa meus probleminhas de percurso e admito: sou humana, tenho muito a aprender. Não que eu queira mudar minha performance de perua, mas desejo melhorar minha capacidade de demonstrar que apesar disso sou do bem, pretendo que antes de me julgarem pela aparência percebam que tenho um coração, sentimentos, pensamentos e que provavelmente algo à acrescentar menos fútil do que as futilidades que gosto…difícil?
É, mas vale a pena, assim como vale a pena aceitar as pessoas como elas são.
Bjcas, no coração dos meus seguidores.
 E a você Rosania, meu muito obrigada, ano inesquecível.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Que show, que nada...

Sempre fiz questão de ser uma mãe moderninha, e nesta intenção claro, estava sempre atenta às tendências, recebia os e recebo os amigos dos filhos, mantenho a mente mais aberta possível, vivo antenada apesar de meio lesada que sou  hoje em dia, mas uma vez o tiro saiu pela culatra!
Em uma ocasião se não me engano em 2001, meu filho e sua galera resolveram ir ao show da Mix, bem, para conseguir os ingressos houve uma promoção da rádio, e quem levasse um brinquedo para ser doado às crianças (era outubro) teria um ingresso. Meu filho e meus primos enlouqueceram… foram dias me convencendo que se eu fosse com eles teria alguém responsável por todos, que dai os pais dos amigos deixariam eles irem, que não teria erro nenhum porque os pais gostavam muito de mim, que se eu não fosse eles não iriam ver as bandas que gostavam, e blablablablablá…bom, pensei que mal tem? Fiquei meio receosa, afinal ser responsável por uns 8 ou 9 adolescentes não seria fácil, mas eles também me garantiram que ficaríamos juntos sempre.
A partir do momento que aceitei, começou a correria de comprar brinquedos, ir para fila que fazia voltas no quarteirão para pegar os ingressos, comprar as camisetas pretas de roqueiros, alugar uma van para nos levar até o Anhembi e planejar todos os detalhes do grande evento, neste ínterim ligações para os pais.
Alguns pais inclusive faziam questão de frisar que só estavam deixando os filhos irem porque era comigo (Ai meu Deus, neste momento começou a me dar uma vontade enorme de desmarcar tudinho), o entusiasmo deles era tão grande que decidimos caprichar no visual, compramos tinta de cabelo, gel cola, e foi aquela produção louca, pena que na época não havia esta facilidade de câmera digital, não registramos estes momentos. Aí pensei no seguinte: como já havíamos gasto muita grana, era melhor levar lanches do que gastar mais lá, preparamos sanduiches e tal, enchemos um isoporzinho, levamos uns refrigerantes e salgadinhos.
Meu marido bem que tentou me alertar que não seria uma boa idéia, meus pais ficaram preocupados, minha vó também, mas naquela altura do campeonato não dava para voltar atrás, saímos de madrugada, no caminho fomos cantando, rindo e brincando,a van nos deixou no final de uma fila imensa, muito longe da entrada, que para falar a verdade eu nem sabia onde ficava.
Chegamos na fila e o dia ainda não havia clareado, e a fila continuava a crescer atrás de nós, as pessoas mal encaradas, e nós parecíamos mais uns papagaios do que roqueiros,  os grupinhos se reuniam na fila.Meu filho tinha uma mania péssima de encarar as pessoas, e eu a “responsável” por todos controlava cada um deles, pedia que ele não encarasse ninguém, mas como todo mundo que espera, começaram a observar, involuntariamente eu também, e como quem procura acha…vimos coisas muito estranhas, gente usando drogas, gente muito louca, fui ficando desesperada, atrás de nós havia um grupo de pessoas que bebia vinho direto no garrafão, pinga e outras bebidas, pedi para eles não olharem para os lados.
O tempo passou lentamente, o dia clareou a fila não andou, e no relógio as horas passavam, quando por volta de 11:00 hs da manhã, dois garotos do grupinho de trás passaram muito mal de tanto ingerir bebidas alcoólicas, eu instintivamente fui socorrê-los, os coloquei sentados e pedi água, panos, tentei induzir vômito, a turma ficou preocupada, foi aquele alvoroço, e um deles me falou:
-Minha Deusa, Deus mandou um anjo me salvar!!!
Beijou minhas mãos, me agradecia freneticamente, provocando risos de todos ali, eu não sabia se socorria um ou outro, mas no meio daquela muvuca, e de tantas tentativas minhas de resolver o problema, eles acabaram melhorando um pouco, e a turma deles é claro ficou muito agradecida a mim, e um deles deu a sentença aos gritos:
-Dona, muito obrigada, mas obrigada mesmo, pelo que fez pro meu brother aqui, então qualquer coisa que pegá, manda fala comigo certo, se alguém aqui fizeé alguma coisa pra vocês mecheu com nóis, certo mano!!!!!
Voltei pro meu lugar conferi se todos estavam ali,  ofereceram bebida e comida pra nós que educadamente recusamos e agradecemos dizendo que estávamos bem.Não agüentávamos mais a espera, 12:00 hs, 13:00 hs até que 13:30 aquele povo todo impaciente começou a se rebelar, começaram a dispersar a fila, escalar as grades, neste momento pedi que saíssemos dali senão seríamos esmagados, e fomos para o outro lado da avenida, veio polícia montada, de moto, de tudo que era jeito, deu uma correria e aquela multidão de pessoas pra lá e pra cá. Spray de pimenta, policiais com cassetetes tentavam impedir e batiam em quem estava escalando as grades, foi uma loucura geral, olhei para minha galerinha atordoada, e sugeri pela segunda vez que fôssemos embora, mas resolvemos esperar.
Dai resolveram abrir os portões, foi aquele tumulto, as pessoas se amontoaram, e mesmo assim a polícia tentava por ordem, as pessoas foram andando e nós no meio daquele alvoroço fizemos uma corrente de mãos dadas, olhei para o chão que estava lavado de ingressos, àquela altura do campeonato nem precisava apresentar o tal ingresso, não tinha nem para quem entregar, e fomos praticamente entrados para o pátio.
Engraçado que quando fomos “entrados”, olhamos para o lado e tinha outro portão, acreditem se quiser, já havia uma fila de pessoas sendo saídas do pátio….rsrsrsrsrsrs…
A confusão estava generalizada, nós estávamos espremidos naquela lata de sardinha, sim porque aquele pátio parecia um local de estacionamento, que não dava suporte para aquela multidão, quando vi nosso isoporzinho foi chutado, os lanches que restaram ficaram esparramados e pisoteados, e eu pensava: - festa estranha com gente esquisita, rsrsrsrs
Tudo o que conseguimos ver era cabeças na nossa frente, o palco era baixo, e nós estávamos distantes dele.
Gente… só por Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, aquilo tudo o que passamos, meu nervosismo em perder minha turma,o povo encachaçado e fumando maconha por ali, até que ouvi um grande arroto do meu lado,quando olhei, ou melhor senti respingos de vômito nas minhas pernas não acreditei né?
Pedi literalmente para sair, mas a galera me falou que já que estávamos ali pelo menos deveríamos assistir o primeira banda Planet  Hemp, e assim assistimos esta banda, Charlie Brown Jr. e Ira, quer dizer… assistimos não né!!! Na verdade eu mesma não vi nada, só quem se aventurou a sentar nas costas do outro conseguiu ver a ponta da cabecinha dos integrantes das bandas. Nesta altura eu já estava agoniada, sugeri para irmos embora sem ver o Capital Inicial, concordaram comigo finalmente, e da mesma forma que fomos entrados fomos “saídos”, foi a nossa sorte, nesta hora um maluco subiu numas armações de metal e pôs fogo nas faixas de propaganda, deu aquela reviravolta de novo.
Lá fora, o pessoal mais disperso, um alívio telefonei para o motorista da Van nos pegar, estávamos acabados de cansaço, o motorista até achou engraçado que acabou nossa animação, seguimos para casa quietos, e no caminho combinamos de chegar e dizer a todos que o show tinha sido o máximo, e que a gente se divertiu demais, só para não dar o braço à torcer sabe.
Chegamos com aquelas caras de cuíca sem íca, mentimos como havíamos combinado, mas eles haviam assistido toda a confusão pela televisão, rsrsrsrsrs tivemos ainda que agüentar sermão e aquela velha e maldita frase: “eu avisei!”
Hoje está história rende boas risadas, mas na hora….
Bjs. Até a próxima!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Experiências difíceis...

Decidi relatar este acontecimento por insistência de uma coordenadora minha, ela achou viável tornar este fato público e na época 2007 não concordei, por “n” motivos que hoje finalmente não são mais relevantes, mas enfim vamos lá…
Efetivei no ensino público do estado de São Paulo em 2006, como professora de Biologia do Ensino Médio, na bagagem muitas intenções, ideais e tal. Na escolha levei um susto, consegui minha vaga em uma escola que… digamos assim: era difícil, na periferia da cidade e meio barra pesada sabe; morri de medo, minha cabeça andava a mil e de repente me vi lá dando aulas à tarde e a noite.
O primeiro dia letivo já foi tenso, os alunos costumam voltar das férias cheios de energia, e aquela ansiedade para rever os colegas e conversar atrapalha qualquer intenção de aula.
De cara ninguém me deixou falar, lembro-me bem da sensação que tive pensei: Nossa estudei tanto, me sacrifiquei tanto, … para isso! Apavorada seria a expressão mais adequada, em questão de segundos pensei no que deveria fazer para tentar controlar aquela situação e num impulso peguei o giz e dei início a uma aula de citologia, preenchi a lousa desperadamente com produção de texto, esquemas e tudo mais, sem olhar para trás. Aos poucos os alunos foram sentando abrindo os cadernos e silenciando a sala não totalmente. Bingo! Quando percebi que estavam ocupados, dei meu recado, me apresentei, falei das regras (doce ilusão)! E logo vi que no começo não poderia haver brechas de tempo.
Após as aulas noturnas eu dirigia de volta para casa por uns 18 km aproximadamente, em uma estrada sem iluminação e vários trechos desertos, voltei para casa angustiada, com muito medo, tive medo daquele lugar, das pessoas, do caminho de volta de tudo. Ao chegar minha família questionou sobre como havia sido e respondi em entrelinhas, mas meu semblante me traía.
Foram dias eternos, na ida para o trabalho eu escutava Oração de São Jorge dos Racionais MC TODOS OS DIAS, e aquela música me dava forças para enfrentar minhas dificuldades, me reinventava como professora e como gente, mas pouco resolvia
Para encurtar a história, dava aula em uma turma complicada, à noite, onde haviam alunos traficantes,os demais alunos com medo desta realidade e um aluno problemático.Pela primeira vez na minha vida eu estava frente à delinqüência, neste ínterim, este aluno destemido me provocava de todas as formas, andava a sala inteira, provocava os colegas, ria alto, conversava com pessoas do lado de fora por um vidro quebrado até que estouraram o quadro de energia elétrica e tudo escureceu. Foi um pesadelo, sem saber o que fazer me encolhi no canto da parede ouvindo todos saindo aos gritos e empurrando cadeiras e carteiras…
Aquela noite acabou assim, no meio de uma segunda aula do noturno, fui embora aterrorizada, minha vontade era não voltar ali nunca mais, desistir de tudo, foi mais uma noite de insônia, mais uma manhã de incertezas, respirei profundamente e fui trabalhar outra vez.
A semana transcorreu tensa, e na semana seguinte outra vez com esta turma,  este aluno me desafiava, até que resolvi enfrentá-lo, falei alto com ele e pedi que colaborasse e que daquele jeito não daria para continuar com ele na sala, foi fatal, ele levantou-se e se dirigiu até mim com violência, apontou o dedo em meu rosto e disse gritando:
-Vai fazer o quê mano? Tá pensando que vai causar aqui? Se liga, dá tua aulinha de boa.
Congelei, a sombra dele sobre mim era gigantesca, pensei: acabou, fim de linha. Silenciei por segundos e balbuciei:
-Sente-se, por favor, eu preciso trabalhar. Seus colegas precisam aprender.
Meu discurso foi breve, trêmulo, em tom baixo e muito humilde, e tudo o que eu queria naquele momento é que batesse o sinal, mas isso não aconteceu, estávamos no início da aula, uma tristeza infinita tomou conta de mim, ele usou termos impróprios e sentou-se como se nada tivesse acontecido, aqueles minutos se arrastaram até o fim da aula, e abalada demais dei as aulas restantes.
Voltei para casa com a certeza de que nunca mais voltaria àquele lugar. Lamentei amargamente ter estudado tanto, ter gasto o dinheiro dos meus pais e do meu marido nos estudos, ter feito esta escolha… pura decepção, com a vida, com tudo.
Olha, por mais que eu tente me expressar aqui, não encontro palavras que dimensione o que senti. Depois me envergonhei, onde já se viu? Lutei tanto, as pessoas depositaram tantos créditos nos meus objetivos, para que no primeiro revés eu desistisse.
E nesta mistura louca de sentimentos fui enfrentando os meus dias, às vezes pesados, às vezes mais leves, porém sempre cansativos e surpreendentes, eu sei dizer a vocês que um dia, cheguei nesta sala disposta a fazer algo pelos alunos que estavam acuados, chamei em particular meu aluno traficante e meu aluno delinqüente, e conversei com eles honestamente, expliquei que precisava exercer meu trabalho, e que eles precisavam de notas, mas que a gente poderia se entender, se eles colaborassem com o andamento das aulas, pelo menos não fizessem bagunça, não falassem alto, não amedrontassem os colegas, eu poderia considerar notas de boa conduta para eles (já que aprender não era do interesse deles), e que estas notas poderiam ajudá-los a compor uma nota satisfatória bimestral.
Voltei para casa naquele dia me sentindo um lixo, me analisei. Como assim fazer tratos com traficantes? Vasculhei impiedosamente minha moral, minha índole, meus princípios, como se eu pudesse negociar! Fui meu maior carrasco.
Milagrosamente na semana seguinte dei uma aula impecável naquela sala, tão impecável quanto o comportamento dos tais alunos, lidava com eles respeitosamente e exagerava nos clichês, e acreditem… eles faziam as tarefas, e eu claro, enaltecia qualquer boa atitude deles ou respostas, não se tornaram uns santos, mas atingiram metas satisfatórias.
Bem, este aluno problemático, me salvou de um assalto na hora da saída, entrava em outras salas quando eu dava aula, pedia licença e se, por favor, eu podia deixá-lo ali, que ele não iria atrapalhar minha aula. Eu trabalhei nesta escola durante um ano, pedi remoção, e quando o ano letivo acabou, fiquei saudosa, aqueles eram os meus alunos, e eles me ensinaram realmente ser uma professora melhor.
Desta experiência tive um grande aprendizado, adquiri mais paciência, cautela e passei a observar mais as pessoas para depois analisar como lidar com elas. Descobri que cada aluno carrega consigo marcas da sua história de vida, e às vezes, esta história de vida não é tão boa o quanto eu gostaria, estas marcas refletem-se na conduta em sala de aula e cabe a nós professores “preparados” (nem sempre) a compreensão dos fatos que irão nortear qual a metodologia a ser usada.
Outra verdade que este acontecimento evidenciou é que todos nós gostamos de ser tratados com respeito e dignidade, assim, ao receber atenção, dedicação e a importância devida, estes alunos acostumados com hostilidade ficaram surpresos, e num feedback passaram a se comportar conforme eram tratados.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Hoje acordei diferente...

Estou lendo um livro que ensina passo a passo como mudar determinadas atitudes em nossas vidas. Bem...me disseram que o livro era inovador, coisa e tal, mas incrivelmente a leitura não me prendeu, e olha que leio até bula de remédio.
Quando se tem uma doença como a EM ou outra qualquer, as pessoas ao seu redor geralmente:
- Dizem pra você ter fé;
-Que tudo vai dar certo;
-Te olham de modo diferente;
-Evitam conversar sobre o assunto;
-Demonstram seus sentimentos de formas variadas, preocupações, choro, silêncio, questionamentos etc.
-Alguns te abandonam
-Outros não te abandonam jamais...
E nisto tudo ganhei este livro, parece-me que a pessoa na verdade gostaria de me convencer que eu poderia mudar a minha vida, como se eu pudesse mudar meu diagnóstico, minhas dores, efeitos colaterais dos remédios, surtos da EM.
As pessoas que nos amam tentam desesperadamente desfazer o mal-entendido do destino, rsrsrsrsrsrs...
Mas pacientemente nós esclerosados aceitamos este amor incondicional, na verdade, gostaríamos mesmo é de dizer que sabemos o quanto é difícil, mas é o que tem pra hoje.
Não dá para mudar milagrosamente um fato, dá para se adaptar, dá para ter esperanças em tratamentos futuros, dá para entender quem convive conosco.
Após algumas páginas entediantes este livro, achei que eu estava dentro dos padrões propostos, ainda encaro a vida e suas adversidades com muito bom humor.
E assim estarei enquanto puder.
Um beijão em todos meus futuros seguidores.